Comunicação

Instituto Juruá marca presença na 61ª Reunião Anual da ATBC (Association for Tropical Biology and Conservation/ Associação para Biologia Tropical e Conservação)

Por Gabriela Vedovello

Pesquisadores do Instituto Juruá estiveram entre os mais de mil participantes da 61ª reunião anual da ATBC, um dos maiores eventos globais dedicados à biologia e conservação dos trópicos. A reunião foi realizada entre os meses de junho e julho de 2025, na cidade de Oaxaca, no México, reunindo grandes nomes da biologia e da conservação, como Berta Martin-Lopez, Alejandro Casas, María Uriarte e Juan Posada, e oferecendo um espaço para o compartilhamento de experiências e a criação de novas soluções para os desafios dos trópicos.

Em 2025, a reunião contou com mais de 1000 participantes inscritos de 60 países, com destaque para a ciência brasileira na conservação tropical dado o grande número de participantes brasileiros ou que realizam pesquisa no Brasil. O tema da reunião foi “Tropical Biology and Conservation for a Sustainable World: Merging Diverse Approaches, Actors, and Local Knowledge” (Biologia Tropical e Conservação para um Mundo Sustentável: Unindo Abordagens Diversas, Atores e Conhecimento Local), reforçando a importância das múltiplas perspectivas na construção de conhecimentos – neste cenário, a participação de pesquisadores do Instituto Juruá possibilitou o compartilhamento dos conhecimentos construídos no Instituto com o restante do mundo.

Foto: Gabriela Vedovello apresentando sua pesquisa no ATBC. Autoria: Sophie Calmé.

Presença da equipe do IJ
Dentre os pesquisadores presentes na reunião que compõem o Instituto Juruá, destaca-se o vice-presidente da instituição, Carlos Peres, que contribuiu para as discussões no simpósio “The Ecology of Insularity: from Forest Patches to Oceanic Islands” (A Ecologia da Insularidade: das Manchas Florestais às Ilhas Oceânicas) — com sua sessão intitulada “Vertebrate, Arthropod and Plant Community Drift in Amazonian Forest Land-Bridge Islands: A Synthesis” (Deriva das Comunidades de Vertebrados, Artrópodes e Plantas em Ilhas-Ponte de Floresta Amazônica: Uma Síntese), na qual apresentou alguns dos resultados obtidos em experimentos realizados nas ilhas criadas pelo arquipélago de Balbina, no Amazonas, trazendo importantes reflexões sobre a dinâmica das comunidades ecológicas em ambientes insularizados.

Além de sua contribuição como palestrante, Peres esteve presente em diversas discussões sobre os rumos da pesquisa científica, especialmente em iniciativas que valorizam o protagonismo das comunidades locais na conservação.

Pesquisas desenvolvidas no Médio Juruá em parceria com o Instituto Juruá
As pesquisas realizadas em parceria com o Instituto Juruá também tiveram ampla visibilidade no evento. A pesquisadora Gabriela Vedovello apresentou resultados do projeto River Guardians (Guardiões dos Rios) — uma iniciativa desenvolvida no Médio Juruá. Na sessão “Biocultural Conservation and Community-Led Stewardship of Nature” (Conservação Biocultural e Gestão Comunitária da Natureza), compartilhou a apresentação “Biocultural Significance of the Amazonian Manatee (Trichechus inunguis) in Western Amazonia: A Relational-Model Perspective” (Significado biocultural do Peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) na Amazônia Ocidental: uma perspectiva de modelo relacional), destacando a importância biocultural do peixe-boi amazônico para as comunidades locais. O trabalho apresentado foi realizado em parceria com diversos(as) pesquisadores(as) do Instituto Juruá.

Vedovello também integrou o workshop “Challenges and Strategies in Transdisciplinary Research for Co-Producing Knowledge and Actions in Conservation Projects” (Desafios e Estratégias na Pesquisa Transdisciplinar para Coprodução de Conhecimento e Ações em Projetos de Conservação), discutindo desafios e estratégias da pesquisa transdisciplinar em projetos de conservação.

Carine Emer, pesquisado do Jardim botânico do Rio de Janeiro, apresentou o trabalho “Local Knowledge Enhances the Sustainability of Interconnected Fisheries” (O Conhecimento Local Aumenta a Sustentabilidade das Pescarias Interconectadas), realizado junto ao presidente do Instituto Juruá, João Vitor Campos-Silva, e outros pesquisadores. Seu trabalho, apresentado na sessão “Ecological Networks in the Anthropocene: Impacts, Patterns and Resilience” (Redes Ecológicas no Antropoceno: Impactos, Padrões e Resiliência), evidenciou a importância do conhecimento local para o manejo sustentável do pirarucu em atividades de base comunitária realizadas na região do Médio Juruá.

Ambos os trabalhos ressaltam o alinhamento das pesquisas desenvolvidas junto ao Instituto Juruá às temáticas centrais que movem a pesquisa em biologia e conservação nos trópicos atualmente, em sintonia com o tema do evento.

Outros pesquisadores da Amazônia

Organizando o simpósio “Understanding Tropical Forest Vulnerability by Integrating Across Scales, Mechanisms and Approaches: A Model Amazonian Ecosystem” (Compreendendo a Vulnerabilidade das Florestas Tropicais Integrando Escalas, Mecanismos e Abordagens: Um Ecossistema Amazônico Modelo) e com a sessão “Integrating Overall: What Is the Resilience of the Ducke Forest Model Ecosystem So Far?” (Integração Geral: Qual Tem Sido a Resiliência do Ecossistema Modelo da Floresta Ducke?), esteve a pesquisadora Flavia Costa, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, apresentando sobre a resiliência da floresta amazônica a partir de pesquisas realizadas na Reserva Ducke, em Manaus.

Já John Terborgh, Professor de Ciências Ambientais na Universidade de Duke, esteve presente com a sessão “Small Stem Dynamics in an Amazonian Forest: Filling a Gap in Knowledge” (Dinâmica de Caules Finos em uma Floresta Amazônica: Preenchendo uma Lacuna no Conhecimento), durante o simpósio “Seedlings in a Changing World: Trait-Based Insights into Tropical Forest Regeneration” (Plântulas em um Mundo em Transformação: Perspectivas Baseadas em Características sobre a Regeneração de Florestas Tropicais onde discutiu aspectos da regeneração florestal com base em pesquisas na Estação Biológica de Cocha Cashu, no Peru.

Considerações finais:
Participar ativamente de eventos internacionais como a ATBC reforça o compromisso do Instituto Juruá com a construção de uma ciência colaborativa, fundamentada em parcerias e conectada aos desafios locais e globais da conservação. Esses encontros fortalecem redes de colaboração, ampliam o diálogo científico e enriquecem nossas práticas de pesquisa em prol de um futuro mais justo e sustentável.

Sobre a ATBC:

A Association for Tropical Biology and Conservation (ATBC) é uma sociedade científica profissional fundada em 1963 como Association for Tropical Biology. Em 2003, a sociedade mudou seu nome para Association for Tropical Biology and Conservation. 

A ATBC tem alcance, membros e objetivos globais, atuando como uma entidade internacional que promove a pesquisa, a educação e a comunicação sobre biologia e conservação tropical.

É composta por estudantes, pesquisadores, educadores e profissionais da conservação comprometidos com questões de ciência, conservação, desenvolvimento e políticas ambientais nos trópicos.

Conta com cerca de 1.000 membros provenientes de aproximadamente 70 países.

A sociedade realiza encontros anuais em diferentes partes do mundo, publica a revista científica Biotropica e está cada vez mais envolvida em atividades internacionais de conservação e formação de capacidades.

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