Comunicação

Curso de marchetaria é oferecido a trabalhadores da madeira do Médio Juruá

A técnica artística ensinada valoriza o conhecimento local e representa nova possibilidade de geração de renda através do uso sustentável dos recursos madeireiros.

O aluno Eduardo Lima de Souza fazendo uso da desempenadeira para a peça marchetada. Foto: Natalia Messina.

Por Clara Machado

O uso da madeira está na vida cotidiana de quem mora na floresta, seja para a confecção de canoas, remos, tábuas para casa até arpões e utensílios domésticos. A madeira é colhida em pequena escala na floresta e trabalhada por mãos habilidosas que carregam um conhecimento específico para que possa, então, ser transformada em itens corriqueiros da vida comunitária.

Coleta da madeira caída na floresta, localmente conhecida como faveira (Parkia platycephala Benth). Foto: Nathalia Messina

Pensando nesse público que detém o conhecimento do uso da madeira, o Instituto Juruá, em parceria com a Associação de Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), ofereceu o primeiro Curso de Marchetaria no Médio Juruá, que aconteceu entre os dias 24 e 29 de novembro de 2022 na Casa Familiar da Floresta do Campina (CFFC), que fica na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, Carauari (AM). O curso também contou com o apoio da Associação de Produtores Rurais e Carauari (ASPROC) e do ICMBio, através do gestor da RESEX Médio Juruá, Manoel Cunha, que, além de palestrar e contribuir com o planejamento, também participou das aulas. 

O curso teve o objetivo de fomentar alternativas de uso sustentável da madeira na região e ampliar a capacidade de geração de renda das famílias ribeirinhas envolvidas. Valorizando o conhecimento prévio dos trabalhadores e trabalhadoras da madeira, como a carpintaria, marcenaria e entalhe, o curso foi direcionado ao ensino da marchetaria que, basicamente, é uma técnica artística para confecção de objetos por meio de cortes em ângulo, encaixe, colagem e refinamento. Dessa forma, cria-se uma nova possibilidade de agregar valor à madeira residual e, assim, gerar renda a partir do manejo florestal sustentável em pequena escala. 

Os alunos Fabrício e Sirley com suas peças de marchetaria confeccionadas no curso. Foto: Nathalia Messina

Foram 40 horas de capacitação, com cinco aulas teóricas e práticas ministradas pelos mestres Edielson Bezerra e Manoel Silva, da Associação Nov’Arte (Novo Airão – AM). Participaram 28 trabalhadores e trabalhadoras da madeira de 21 comunidades da região do Médio Juruá, representando os territórios da Reserva Extrativista do Médio Juruá, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, Terra Indígena Deni e a Área do Acordo de Pesca de Carauari.

Aulas práticas de marchetaria. Fotos: Nathalia Messina

“Os alunos saíram satisfeitos, levando apostilas, Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e outros materiais para casa, bem como os artesanatos produzidos, tais como caixinhas, tábuas de cozinha e peças decorativas”, relata Nathalia Messina, analista socioambiental do Instituto Juruá que participou da elaboração e oferecimento do curso. 

Durante o curso, foram realizados sorteios de ferramentas e itens de marchetaria, como também a entrega de uma máquina Serra de Meia Esquadria, que oferece cortes ágeis e precisos de peças angulares, ficando a mesma sob responsabilidade, uso e guarda das comunidades.

Madeiras amazônicas apresentadas pelos mestres da Nov’Arte durante o curso. Foto: Nathalia Messina 

Ainda de acordo com Nathália, “para maior aproveitamento dos resultados obtidos no curso, a intenção é que esta seja a atividade iniciática de um projeto de intercâmbio da madeira a ser desenvolvido por artesãos, artesãs e organizações de base comunitária do Médio Juruá, com o apoio do Instituto Juruá”.

Nathalia Messina junto aos mestres da Associação Nov’Arte Edielson Bezerra e Manoel Silva no encerramento do curso com as peças produzidas pelos alunos. Foto: acervo IJ.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe.

plugins premium WordPress