A Importância do Protagonismo Juvenil para o Desenvolvimento Regional
Por: Maria Cunha e Phamela Barbosa
Quando falamos de jovens, estamos nos referindo a uma faixa etária que compreende a adolescência e a juventude, tipicamente entre os 15 e 29 anos (Conselho Nacional da Juventude – CONJUVE), embora as definições possam variar conforme o contexto cultural e institucional. Essa fase da vida é marcada por intensas transformações físicas, emocionais e sociais, que moldam as identidades e as trajetórias futuras desses indivíduos.
Na contemporaneidade, a juventude enfrenta diversos desafios, como a pressão por desempenho acadêmico e profissional, a influência das redes sociais, e questões relacionadas à saúde mental. Ao mesmo tempo, pessoas jovens têm um papel crucial na inovação e na construção de um mundo mais justo e sustentável. Elas são frequentemente as primeiras a adotar novas tecnologias e a impulsionar movimentos sociais e culturais. Tornando-se assim, protagonistas de suas trajetórias.
O protagonismo juvenil se refere à capacidade de jovens para serem agentes ativos em suas comunidades e na sociedade em geral. Isso envolve participação em processos de decisão, liderança em projetos sociais e engajamento em atividades que promovem mudanças positivas. Políticas públicas voltadas para a juventude são essenciais para garantir que jovens tenham as oportunidades e o apoio necessários para se desenvolverem plenamente. Neste segmento, destaca-se, em tamanha importância e referência, uma juventude que vive e atua em baixo da copa das árvores, jovens que ao “olhar por cima dos galhos” enxergam um mundo de possibilidades, e atuam no contexto de traçar estratégias que visem uma melhor qualidade de vida para suas comunidades, proporcionando a eles as oportunidades para que se tornem jovens atuantes, e buscando seus sonhos no empoderamento, em colaboração com o desenvolvimento econômico, social, cultural e sustentável de seus territórios e comunidades.
A essência da juventude do Médio Juruá, na luta por igualdade de direitos e oportunidades, também faz parte do segmento que é essencial para promover a inclusão social e a participação cívica. Quando os jovens são incluídos nas discussões e decisões que afetam suas vidas e suas comunidades, eles se sentem empoderados e motivados a contribuir positivamente. Isso não só fortalece a democracia local, mas também assegura que as políticas públicas reflitam as necessidades e aspirações da juventude.
Com o apoio adequado, jovens podem se tornar líderes em suas comunidades, promovendo mudanças positivas e sustentáveis. Jovens que, apesar dos desafios, têm um potencial significativo na conservação da Amazônia, além da manutenção cultural da região. O Curso de Formação Política para Jovens Lideranças do Território Médio Juruá – que está em seu segundo módulo, é uma iniciativa pensada para trabalhar o protagonismo dos jovens da floresta, incentivando-os a se tornarem agentes de transformações, no contexto dos seus territórios e comunidades. Entre os dias 28 a 31 de julho, a juventude do Território Médio Juruá (RDS Uacari, RESEX Médio Juruá, Área do Acordo de Pesca, Juruá, Itamarati e representantes dos povos Deni – Kanamari e Kulina), se reuniu no núcleo de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável-Nieds Bertha Becker (Campina), localizado na RDS Uacari, para assimilar e discutir os temas Associativismo e Cooperativismo – como forma de organização e atuação no território.
Este módulo reuniu cerca de 80 representantes juvenis, de várias comunidades do território, os quais de forma participativa, trouxeram seus anseios e lutas para a plenária. Apesar de recente, já se pôde ver os frutos dessa mobilização, como é o caso do JAVA, Jovens Adolescentes da Vila em Ação, da comunidade Vila Ramalho. “Logo após o primeiro módulo de formação para jovens lideranças com as palestras e discussões sobre o histórico das nossas comunidades e nossas primeiras lideranças local, com todas as histórias eu, Celicia e Marquisson resolvemos trazer a proposta para comunidades e a escola de criamos o grupo de jovens porque vimos que seria de suma importância a participação dos jovens nas tomadas de decisões e de serem responsáveis com tudo que visam o bem-estar da comunidade e do território. Para criação do grupo, pedimos apoio do professor Leandro para colocar a ideia no papel, com tudo no papel conversamos com as lideranças que se encontravam na comunidade Vigia e Nonato, e tivemos total apoio! Reunimos todos os jovens, e 35 pessoas entre jovens e adolescentes aceitaram participar do grupo e escolhermos o nome, o símbolo e o lema. Por último, oficializamos o grupo apresentando para todos os comunitários onde o apoio foi muito bom”, relatou Francisca Braga de Lima, mas conhecida como ‘Tchuca’, Presidente do Coletivo JAVA. Ela conta que a principal motivação foi a inclusão, “nossa motivação foi integrar os jovens e adolescentes na comunidade de uma forma que eles não se sintam excluídos, aproximar os mesmos da família da escola da igreja e entre eles mesmos e também valorizar a nossa cultura local”.
O Curso tem mais dois módulos confirmados. O próximo tema a ser trabalhado é “Políticas públicas e organização governamental” – abordando o funcionamento das políticas que impactam a realidade local e as formas de incidência da sociedade civil, dando mais insumos para o fortalecimento das diversas mobilizações juvenis do território. “O curso de formação política para Jovens Lideranças do Médio Juruá , é uma rede de apoio para o grupo, pois foi através das palestras que despertou o interesse em nós! Conhecendo de forma clara e objetiva a história do nosso território depoimentos emocionantes que nos fazem querer continuar nessa caminhada. Quando essa turma acabar, que outros jovens possam participar e o que nós não trouxemos, eles possam aprender e somar dentro de nosso grupo e futuramente nos tornar uma associação sendo uma rede de apoio para outras comunidades”, completou Francisca.
O protagonismo juvenil no Médio Juruá emerge como uma força vital para o desenvolvimento regional, transcendendo barreiras socioeconômicas e culturais. A juventude, ao assumir papéis de liderança e engajamento em suas comunidades, não apenas fortalece a coesão social, mas também catalisa mudanças que ressoam por toda a região. As iniciativas lideradas por jovens têm o potencial de moldar um futuro mais sustentável, inclusivo e próspero, demonstrando que o desenvolvimento regional é inseparável do envolvimento ativo e consciente das novas gerações.