COMUNICAÇÃO

Agentes Ambientais Voluntários do Médio Juruá

Por Maria Cunha

O Programa Agente Ambiental Voluntário (AAV) trabalha as atitudes coletivas e o despertar para a cidadania e respeito ao meio ambiente. É uma experiência criativa que leva as pessoas a aprender, ser e fazer, por meio de troca de experiências cotidianas. O principal foco do Programa é tornar o agente ambiental voluntário um educador ambiental, repassando informações sobre como usar de maneira correta os recursos naturais, informando sobre a legislação vigente e realizando ações de proteção e vigilância, através de mutirões ambientais.

No médio Juruá, o trabalho voluntário é parte das diversas vertentes de empenho, sabedoria e criatividade que essa região cultiva, e os agentes ambientais voluntários são pessoas das comunidades rurais, com espírito de liderança, atitudes positivas e que gostam de trabalhar em defesa do meio ambiente. Em quase todas as comunidades do médio Juruá, encontra-se mais de um agente ambiental voluntário, credenciados e habilitados para estarem atuando nas suas comunidades e área de entorno, e que contribuem muito na gestão das unidades de conservação, na organização comunitária e no fortalecimento da liderança dessas comunidades. Cuidar do meio ambiente é uma tarefa de todos, é nesse foco que os agentes ambientais do médio Juruá trabalham, propondo junto às comunidades atividades de educação ambiental que conscientizem as pessoas para a necessidade de cuidar da natureza, usado como base principal a dependência que os povos tradicionais têm dos recursos naturais oferecidos por ela, viver da floresta e na floresta é uma cultura cultivada por cada um que aqui vive. Proteger esses recursos pensando no futuro da comunidade e do mundo é uma prática que está se tornando cada vez mais comum na nossa região, uma vez que cada um defende a ideia de que cuidar da natureza é cuidar da vida, tanto do planeta quanto da nossa. 

E com esse foco de ”cuidar do meio ambiente”, os AAVs tem atuado com muita frequência nas suas comunidades e unidades de conservação. Como educadores ambientais é necessário trabalhar as habilidades, a criatividade, o respeito, e a sensibilização para assim garantir o sucesso em campo, de forma que os agentes possam: falar sobre as questões ambientais e buscar realizar um trabalho contínuo de educação ambiental; realizar algumas práticas para alcançar a sustentabilidade da comunidade e áreas vizinhas; identificar as ações que prejudiquem o meio ambiente e mediar conflitos ambientais; tornar cada morador um agente multiplicador de práticas sustentáveis; realizar palestras de educação ambiental nas escolas e comunidade; organizar e realizar, junto com os moradores, mutirão de limpeza na comunidade; orientar a comunidade para preservação e conservação dos recursos naturais nas áreas protegidas através de palestras; participar das reuniões e eventos da comunidade ou de outros locais de interesse e repassar para a comunidade as informações adquiridas, mantendo sua comunidade atualizada; realizar reuniões com frequência junto às lideranças com o objetivo de planejar ações sustentáveis para a comunidade. Essas são parte das ações importantes que realizam na região, em  suas comunidades e unidades de conservação. O trabalho do agente ambiental voluntário, com o apoio de órgãos gestores, instituições parceiras, lideranças entre outros, se torna cada vez mais importante para construirmos juntos um presente e um futuro mais sustentável para nosso médio Juruá. E por que não dizer para nossa Amazônia e para nosso Brasil?

O médio Juruá é terra fértil, toda semente  que se planta aqui, cresce, é regada com muito empenho e dedicação por toda nossa gente que habita nossas florestas – um povo que acredita no novo, que se envolve e faz acontecer as mudanças desejadas para uma melhor qualidade de vida. Esse trabalho dos agentes ambientais voluntários que acontece na região é uma forma de trabalharmos os futuros “guardiões da Amazônia”. Por isso, essa conscientização sobre os cuidados com o meio ambiente  é tão importante – para que uma geração possa estar preparada para lutar para manter a floresta em pé. Assim como fazemos hoje, no presente – pequenas ações que contribuem para a chegada de um futuro cada vez mais cheio de qualidade de vida. Viver na floresta é ter uma qualidade de vida que só a natureza consegue transmitir. Os AAVs são partes desses ”guardiões” e a nossa esperança de futuro é que as comunidades, uma vez conscientizadas, trabalhem cada vez mais em harmonia com a natureza, e que a sustentabilidade da nossa região se torne um caminho cada vez mais produtivo e cheio de qualidade de vida para os povos tradicionais que aqui vivem. Porque acreditamos que se o ser humano é capaz de destruir, ele também é capaz de descobrir como utilizar a terra reduzindo os impactos negativos, ajudando assim, a preservar a natureza. Nós, enquanto agentes ambientais, acreditamos que cuidar da Amazônia é trabalhar as pessoas que vivem aqui, pessoas que estão ligadas diretamente aos recursos naturais que a natureza fornece. Fazemos muito, mas ainda falta muita educação ambiental para que a Amazônia possa ser “entregue em boas mãos”.

Como mensagem para você que leu esse texto, deixo uma reflexão: que tipo de pessoas estamos preparando para cuidar da nossa Amazônia? Seja também um ”guardião da floresta” e sensibilize as pessoas para o bem da floresta e da nossa vida. Cada pequena ação é importante se pensada para a conservação dos nossos recursos naturais. Cuidar da floresta é uma tarefa que deve ser  cultivada com muito carinho por cada um de nós. A biodiversidade do médio Juruá é a nossa certeza de que estamos cuidando da vida e cultivando-a. Ser um agente ambiental voluntário é, coletivamente, ajudar a protagonizar uma história de preservação para um futuro melhor.

Maria Cunha é moradora da comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista Médio Juruá. Ela tem 27 anos, é técnica de produção sustentável em unidades de conservação, agente ambiental voluntária e mediadora de leitura pela Associação Vagalume.

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