COMUNICAÇÃO

Gênero e Cadeias de Valor

Pesquisa encomendada pela Associação de Mulheres Agroextrativista do Médio Juruá é iniciada neste mês e pretende trazer soluções para fortalecer a participação e ampliar a visibilidade feminina na bioeconomia.

Por Nathália Messina

Iniciamos neste mês a expedição da ASMAMJ (Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá) à bordo do Hylea, que investigará como se dá a participação de gênero e da juventude nas cadeias mais importantes da região. São elas: murumuru, andiroba, açaí, pirarucu, pescado de manejo, seringa e mandioca. 

O diagnóstico é executado pela ASMAMJ em parceria com o Instituto Juruá e conta com apoio do projeto Cosméticos Sustentáveis da Amazônia. Este é um projeto develoPPP, ou seja, executado por uma parceria pública privada entre as empresas, Natura e Symrise e o Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ na sigla em alemão), por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.

No início de abril, representantes do Território Médio Juruá participaram do curso “Organização e fomento de cadeias de valor com enfoque em gênero”, que contribuiu diretamente para o diagnóstico. Além do Instituto Juruá e do Memorial Chico Mendes, que atuam no território, estiveram presentes lideranças da ASMAMJ, CODAEMJ (Cooperativa Mista de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária do Médio Juruá), e do Fundo Médio Juruá. O curso ocorreu em Manaus, e foi promovido pelos projetos Cosméticos Sustentáveis da Amazônia e Bioeconomia e Cadeias de Valor.  Este último é desenvolvido no âmbito da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ, com recursos do BMZ e com apoio do consórcio Eco-Consult/Conexsus.

Representantes do Médio Juruá presentes no curso “Organização e fomento de cadeias de valor com enfoque em gênero”.
Testagem da metodologia vista no curso para ser aplicada no diagnóstico da ASMAMJ (participação: Instituto Juruá, Memorial Chico Mendes e NeSst).

Alcançar a equidade de gênero e empoderar as mulheres e meninas, sobretudo em países periféricos e de altas desigualdades sociais, é um tema imperativo em todo o mundo e representa um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Nos países tropicais e especialmente na Amazônia rural, o empreendedorismo das mulheres nas cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade é premissa básica para a incidência política e obtenção de resultados positivos.

Assembleia da Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ)
Mulheres da ASMAMJ e os produtos da bioeconomia

Assim, o Instituto Juruá assumiu como meta aumentar a participação e o reconhecimento das mulheres no território do Médio Juruá, contando com a ASMAMJ e múltiplas parcerias, dentre as quais podemos citar a AMARU (Associação de Moradores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari) e a ASPROC (Associação dos Produtores Rurais de Carauari), para a realização deste diagnóstico que terá seus resultados prévios apresentados até o fim de 2022.

Após uma série de reuniões com lideranças e cidadãos(ãs) comuns do território, construímos uma abordagem baseada nos seguintes componentes complementares: diagnósticos de gênero e da juventude sobre suas participações nas cadeias de valor; fortalecimento da organização social das mulheres; e resgate histórico da atuação das mulheres no Médio Juruá.

Além das atividades de pesquisa e diagnóstico, também foi planejada a ação da fotógrafa Fernanda Preto, através do projeto CorpoMemória – uma metodologia terapêutica e de formação, que propicia investigação contínua com recurso expressivo da fotografia.

Tendo em vista que os produtos gerados a partir desta expedição poderão guiar iniciativas de conservação e desenvolvimento local, com maior visibilidade das mulheres nas cadeias de valor, temos como diretriz a proteção da biodiversidade alinhada com o bem estar, a equidade de gênero e a dignidade humana.

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