Comunicação

Instituto Juruá realiza o I Encontro de Pesquisa e Conservação de Quelônios do Rio Juruá

Evento organizado pelo Instituto Juruá em parceria com o Programa Pé de Pincha buscou integrar pesquisadores envolvidos em conservação de quelônios amazônicos.

Por Letícia Araújo

A primeira edição do Encontro de Pesquisa e Conservação de Quelônios no Rio Juruá aconteceu nos dias 19 e 20 de julho no Centro de Estudos de Quelônios da Amazônia (CEQUA) do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia. O evento foi organizado pelo Instituto Juruá em parceria com o Programa Pé de Pincha e co-financiado pela University of East Anglia. O encontro colocou em destaque a defesa dos quelônios na região buscando integrar os pesquisadores especializados no assunto.

“Esse encontro teve como objetivo também formar um grupo mais coeso de pessoas que estão trabalhando com quelônios na Amazônia. Existem várias pessoas trabalhando em diferentes organizações e a ideia foi juntar essas pessoas nesse encontro para discutir, se atualizar com relação às pesquisas que estão sendo desenvolvidas  e fazer parcerias institucionais para que esses pesquisadores atuem em pesquisas colaborativas no rio Juruá.”, explicou Andressa Scabin, diretora executiva do Instituto Juruá e palestrante do Encontro.

O encontro contou com a presença de profissionais de diversas instituições: estiveram representados o IBAMA, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Estadual do Amazonas (UEA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Wildlife Conservation Society, Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), o CEQUA e a Associação Ambiental, Extrativistas, Pescadores e Produtores Rurais de Itamarati (AAEPRI), uma associação local de Itamarati que trabalha na proteção de uma das maiores praias de desova de quelônios do Juruá, o tabuleiro de Valterburi.

Esta área de pesquisa sentiu a memória e o falecimento de Richard Vogt, em 2021. Vogt atuava no INPA e era um dos maiores pesquisadores na área de conservação de quelônios na Amazônia. Segundo Andressa, “o evento foi importante para retomar um pouco essa trajetória de pesquisa com quelônios na Amazônia, tentando juntar esses diferentes grupos de pesquisadores”.

Pesquisadores participantes do encontro reunidos no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

Outra iniciativa discutida no Encontro foi a criação da campanha “Salve as Tartarugas da Amazônia”. O projeto, previsto para começar em 2023, visa construir um fundo de financiamento para os protetores das praias fluviais onde as tartarugas desovam, os chamados “tabuleiros”. Normalmente, este trabalho é feito por moradores das comunidades próximas aos tabuleiros, mas ainda é uma atividade que enfrenta barreiras.

Bichos de casco sob os cuidados de moradores da região do Médio Juruá. (Foto: Clara Machado)

“[Os moradores] ainda não têm remuneração adequada para isso, e tem todo um custo que as organizações locais têm que ir atrás para ir custear. Então, a ideia é construir uma campanha global para fazer com que esse programa tenha condição de se manter a longo prazo” , explica Andressa. 

Sobre a importância desse evento, o idealizador do evento Dr. Carlos Peres, que é diretor científico do Instituto Juruá e professor na University of East Anglia complementa: “A fauna amazônica de quelônios de água doce é emblemática do processo de sobre-exploração histórica de recursos naturais nesta região. Esse evento ajudou a concatenar ações de um grupo de pessoas centrais ao manejo dessa fauna. Espero que outros eventos desse tipo possam ser promovidos pelo Instituto Juruá”.

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