COMUNICAÇÃO

O tema da Educação pauta a Semana dos Povos Indígenas organizada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI)

A Semana dos Povos Indígenas busca unificar a luta de povos indígenas das diversas regiões do país e faz parte das celebrações nacionais do abril indígena, junto ao Acampamento Terra Livre, em Brasília.

Por Fábio Pereira e Francisca Cardoso

Com o som do maracá, da batida dos pés no chão sagrado, nas cantorias e rezas, os povos celebram, ocupando seus territórios e pintando de urucum e jenipapo as praças e avenidas, as aldeias, os centros urbanos, celebrando aquele que para ele foi instituído o dia de festa, o dia dos povos indígenas do Brasil. Para os povos indígenas, o mês de abril se tornou um mês de luta, resistência, mas também de festividade e um momento que oferece maior visibilidade as suas reivindicações.

O abril indígena vem sendo celebrado de várias formas, sem perder o real objetivo que é fazer memória das lutas e projetar novos horizontes para um segmento que tem sido exemplo de resistência e organização: os povos indígenas do Brasil.

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) realiza desde a década de 1980, anualmente no mês de abril, a Semana dos Povos Indígenas. Apesar do nome, o evento se estende por todo o mês, e é um espaço que fortalece as lutas coletivas e o diálogo com o movimento indígena Nacional para juntos unificarem as lutas pela garantia dos direitos e defesa da vida dos povos indígenas. Direitos estes que estão sofrendo inúmeros ataques e sendo violados constantemente pelas instituições públicas nas diferentes esferas do governo.

O tema da semana dos Povos Indígenas de 2022 procura vincular-se ao tema da Campanha da Fraternidade, realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Este ano, a Campanha traz como tema: “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor”. A Semana dos Povos Indígenas tem como tema: Povos Indígenas e educação, e o lema: “Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito”.

O lema da Semana dos Povos Indígenas 2022, resgata a memória dos movimentos de professores indígenas que, desde a década de 1970, lutam para garantir políticas públicas de Educação que respeitem a sabedoria, as crenças e as formas de organização próprias de cada povo. Os indígenas buscam conduzir, no cotidiano de suas comunidades, processos educativos escolares diferenciados, condizentes com seus jeitos singulares de ser, pensar e viver.

A semana dos Povos Indígenas possibilita, ainda, aos povos indígenas debates, divulgação, expansão, reflexão, diversas manifestações, sejam elas de apresentações culturais, atos públicos, mobilizações nacionais e locais, rodas de conversas, e muito mais.

O evento reúne os povos indígenas, aliados e apoiadores que, de forma coletiva, se mobilizam, unificam suas lutas e suas pautas, em torno das lutas para barrar a retirada de direitos e fortalecer as políticas voltada as populações indígenas e a proteção dos territórios. Além de dar visibilidade a nível nacional, Estadual e Municipal às demandas dos povos sobre os processos de demarcação de terras, cobrando providências às violências e violações de direitos, se posicionando contra os projetos que de lei que agridem a vida dos povos indígenas e pelo fim do genocídio dos povos indígenas no Brasil.

Em torno da semana dos povos, o Acampamento Terra Livre é um dos eventos de maior visibilidade, reunindo povos indígenas de todo o país na capital federal. O acampamento completou, neste ano, a sua 18ª edição, que aconteceu entre os dias 04 e 14 de abril, com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”. O evento é articulado pelo movimento indígena, representado por organizações como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), e convoca o movimento indígena das diversas regiões do Brasil e aliados da causa indígena para se mobilizarem em tornos de pautas coletivas.

Dentre tantas pautas, o Acampamento Terra Livre se mobilizou principalmente “contra os projetos que violam os direitos dos povos indígenas como o Projeto de Lei 191/2020, que abre as terras indígenas para exploração em grande escala, como mineração, hidrelétricas e outros planos de infraestrutura; o Marco Temporal; o PL 490/2007, que insiste no fim das demarcações e na revisão de terras indígenas; o PL 6.299/2002 – Agrotóxicos, PL 2.633/2020; o PL 510/2021 – Grilagem; e o PL 3.729/2004 – Licenciamento ambiental”.

Celebrar o abril indígena é para os povos indígenas! Seja os que estão na aldeia ou no contexto urbano, seja dançando e cantando na sua terra tradicional, ou no tapiri cercado por grandes prédios, um dos momentos mais importantes, que entrando em sintonia com outros parentes das aldeias do Brasil, expressam de forma mais diversas o seu jeito de ser e viver. 

Viva a luta dos povos indígenas! Brasil é terra indígena!

Fábio Pereira e Francisca Cardoso são missionários do Conselho Indigenista (CIMI), Regional Norte 1. O CIMI é um organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que, em sua atuação missionária, conferiu um novo sentido ao trabalho da igreja católica junto aos povos indígenas.

O CIMI atua junto a mais de 180 povos indígenas em 26 estados e nas cinco regiões do Brasil.

No Médio Juruá atuam junto ao povo Deni, Kanamari e Madija Kulina.

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