COMUNICAÇÃO

Oficina de ecojoias para mulheres é realizada no Médio Juruá

Por Raqueline Nery e Quilvilene Cunha

O manejo do Pirarucu já é realidade na região do Médio Juruá desde o ano de 2011, fruto do envolvimento, persistência e muita força de vontade dos comunitários, organizações de base e instituições parceiras. Ao longo do tempo, foi observado que as vísceras e escamas do pirarucu eram descartadas de forma aleatória na beira dos lagos, e que o aproveitamento desses materiais poderiam representar uma oportunidade de geração de renda para as famílias envolvidas na atividade.
Ao detectar este desperdício, a Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ) pensou em uma forma de gerar renda para as famílias e inseriu no programa da Natura “Nós da Floresta”, a necessidade de uma capacitação em confecção de ecojoias com escamas de pirarucu. A ocina foi, então, realizada com o apoio da Natura e da ASPROC, durante os dias 27 a 29 de novembro de 2021 na comunidade do Toarí, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (AM), e teve como objetivo empoderar as mulheres do Médio Juruá, proporcionando mais uma alternativa de renda com a confecção de artesanato e ecojoia feita com escamas de pirarucu, no intuito de dar mais autonomia e garantir independência nanceira para as mulheres do Médio Juruá. Na oficina estavam representadas três comunidades da Reserva Extrativista Médio Juruá (Novo Horizonte, São Raimundo e Morada Nova), cinco comunidades da RDS Uacari (Bauana, Santo Antônio do Brito, Xibauá, Toari e Cachoeira), e três aldeias Indígenas (Kanamari, Matatibem e Aldeia Bauana). Além de uma representante do Fundo de Repartição de Benefícios do Médio Juruá, uma colaboradora da ASMAMJ e a consultora, totalizando 36 participantes.

O encontro foi ministrado pela consultora Rose Dias que é engenheira florestal, mestra em ciências florestais e ambientais, licenciatura em ciências biológicas, especialista em saúde e segurança no trabalho, desenvolvimento sustentável, designer e artesã, que há 30 anos desenvolve trabalhos de empreendimentos sustentáveis em comunidades tradicionais do Amazonas.

Foto: Raqueline Nery

A oficina foi iniciada com o processo de seleção da escama do peixe. As escamas de pirarucu utilizadas no curso foram coletadas durante o manejo da comunidade São Raimundo, na RESEX Médio Juruá. Após a etapa de seleção, seguiu-se com as orientações para confecção de colares, pulseiras, brincos, entre outros produtos.

As técnicas de confecção da oficina são métodos naturais, com o tingimento feito com plantas da região, sementes e linha de tucum ou fibra de buriti e bananeira. Por esse motivo, foi sugerido chamar pelo nome de “ecojoia”, considerando principalmente a sustentabilidade financeira por serem produtos coletados na floresta sem necessidade de compra na cidade. Essa coleta foi orientada dentro das boas práticas de manejo e uso racional dos recursos, garantindo a conservação da
floresta.

Portanto, temos hoje no Médio Juruá 35 mulheres multiplicadoras na produção de ecojoias com escamas de Pirarucu, e estão dispostas e entusiasmadas em dar continuidade nos aprendizados obtidos na capacitação, todas saíram com o compromisso de trabalhar na sua comunidade e nos seus pólos repassando os ensinamentos.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe.

Share on facebook
Share on telegram
Share on twitter
Share on whatsapp