Por Tuila Tachikawa
O estado do Amazonas enfrentou a pandemia de forma extrema, chegou a ser o pior núcleo do coronavírus no Brasil, e ainda sofre intensamente com as consequências geradas pela crise de saúde pública gerada pela pandemia do coronavírus. Os municípios do interior do Estado, que carecem de leitos de UTI, lutam pelo direito à vacinação para que possam retomar suas atividades econômicas em segurança.
No dia (31/01) iniciou-se, no município de Carauari na região do Médio Juruá (AM), a campanha de vacinação contra a Covid-19. Nesta, eram incluídos como público prioritário: os idosos, os ribeirinhos, populações indígenas e toda a população rural. Apesar de ter um índice alto de vacinação no estado do Amazonas, dados divulgados pela Prefeitura Municipal de Carauari no dia 18/05, quase quatro meses após o início da campanha, demonstram que cerca de 77% da população com 80 anos ou mais foi vacinada com a segunda dose. Esta porcentagem cai se analisarmos, por exemplo, as pessoas de 75 a 79 anos, que correspondem a 65% de vacinados, e declina se olharmos para as populações ribeirinhas, para as quais ainda não houve nenhuma aplicação da segunda dose.
Em meio a essa realidade, o Fórum Território Médio Juruá (TMJ), formado por 20 organizações voltadas à proteção e desenvolvimento sustentável do território e populações da região do Médio Juruá, enviou um ofício para entidades como o Ministério Público Federal, Ministério da Saúde, Governo Estadual e Governo Municipal. No documento, os representantes do TMJ cobram seus direitos às autoridades e relembram das carências apresentadas pelas populações que habitam a região, entre elas o difícil deslocamento e acesso aos locais de vacinação. Também demandam por uma agenda de vacinação e ressaltam o fato de que, com as enchentes que atingiram recentemente os moradores do MJ, e os forçaram a habitarem abrigos coletivos, a população se depara novamente com o alto risco de propagação do coronavírus.
Outro fator que impediu o avanço da vacinação em Carauari foi a decisão, de algumas comunidades específicas, de recusarem a vacina. Baseadas no discurso de pastores e líderes religiosos que adotam condutas antivacina, esses moradores não aceitaram receber suas doses de imunização. Essa situação exprime um risco tanto à população local quanto ao combate da doença no país inteiro. As campanhas de vacinação são a única forma de vencermos esta pandemia, aliados aos estudos científicos e seguindo as normas decretadas pelas autoridades mundiais de saúde, da mesma forma que outras pandemias foram combatidas anteriormente.