Pressão do movimento social junto aos órgãos fiscalizadores leva a destruição de draga garimpeira que atuava ilegalmente há cerca de um mês no território.
Por Clara Machado
Em uma operação realizada no dia 17 de novembro no município de Itamarati (AM), os órgãos fiscalizadores IBAMA e Polícia Federal com apoio do ICMBio e Polícia Militar atearam fogo na balsa garimpeira que dragava ilegalmente no rio Juruá desde o final do mês de outubro. Em casos de crime ambiental, a apreensão e destruição de instrumentos pelos órgãos fiscalizadores está prevista pelo Decreto Federal n° 6.514/2008.
A mobilização das instituições públicas e privadas que atuam na região foi fundamental para pressionar os órgãos fiscalizadores a tomarem a atitude. No dia 25 de outubro, o Fórum do Território Médio Juruá, que reúne tais instituições, protocolou uma denúncia no Ministério Público Federal, que enviou ofício aos órgãos responsáveis cobrando medidas para interrupção imediata da atividade ilegal. O Fórum também articulou uma mobilização local contra o garimpo e divulgou a notícia em veículos de imprensa em busca de maior celeridade na ação. A operação sigilosa contou com a cooperação entre os órgãos fiscalizadores e ocorreu de forma pacífica e sem obstrução da calha principal do rio.
Durante a operação, foram encontrados na draga diversos motores, sistema de comunicação via rádio, rede de internet via satélite, cerca de trinta mil litros de combustível, ferramentas usadas para extração de ouro e muitos itens alimentares. As evidências sugerem que planejavam realizar as atividades ilegais por um longo período de tempo.
A segunda balsa que estava presente no território foi avistada se retirando antes dos órgãos fiscalizadores chegarem ao local, e não pôde ser investigada. Uma comunidade próxima de onde a balsa principal foi encontrada também dragava o rio com uma pequena balsa comunitária, que também foi destruída.
O aliciamento de comunidades rurais por garimpeiros é uma realidade isolada, mas entristece o movimento social da região, que possui um histórico de lutas contra explorações trabalhistas e desenvolve atividades colaborativas de conservação da floresta que geram renda para a população.
Com apoio dos órgãos de fiscalização ambiental, a luta social e coletiva pela conservação da floresta continua e não abrirá espaço para a chegada do garimpo no rio Juruá, uma das áreas mais preservadas da Amazônia, com uma rica biodiversidade e águas livres de toxinas.