COMUNICAÇÃO

Seminário Mulheres da Floresta reúne mulheres de diferentes territórios amazônicos para discutir o protagonismo feminino

O Médio Juruá foi representado por quatro mulheres das duas unidades de conservação, que participaram da construção de uma carta manifesto

Por Maria Cunha

O primeiro seminário das mulheres da floresta promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) aconteceu entre os dias 26 a 30 de março de 2023 na sede da Fundação, em Manaus. Participaram do evento mais de 80 mulheres do norte e nordeste do país, dentre comunitárias, pesquisadoras, empreendedoras, representando seus territórios, comunidades, reservas, aldeias, associações e grupos organizados. 

O objetivo geral do evento foi oportunizar e potenciar o protagonismo feminino das populações tradicionais em unidades de conservação, terras indígenas e comunidades quilombolas da Amazônia, a fim de fortalecê-las nas tomadas de decisões em seus territórios.

Mediante a isto, o evento trouxe várias mesas de debate, com temáticas diferentes que proporcionaram um diálogo bastante produtivo para as mulheres representantes de seus territórios. Cada mesa contava com palestrantes que tinham ligação com a temática proposta, para assim, gerar um debate mais amplo entre as mulheres ali representadas, uma troca de experiência que proporcionou diversas vertentes de conhecimento e saberes. Temáticas como segurança alimentar, saúde da mulher, violência doméstica, mudanças climáticas, educação, empreendedorismo e protagonismo feminino foram pauta nas discussões.

Mesa da temática empoderamento e protagonismo feminino. Foto: Maria Cunha

O território do Médio Juruá contou com a participação de quatro mulheres representando as duas unidades de conservação. Da Reserva De Desenvolvimento Sustentável Uacari estavam presentes Cilícia Lima, da Comunidade Vila Ramalho, e Luzia Costa da Comunidade Bom Jesus, enquanto a Reserva Extrativista do Médio Juruá foi representada por Maria José da Comunidade Gumo do Facão e Maria Cunha, da Comunidade São Raimundo e comunicadora local do Instituto Juruá.

A experiência foi engrandecedora para Cilícia Lima, “Médio Juruá é um território que faz referência a organização comunitária formação de liderança e empoderamento,  nessa troca de experiência no seminário das mulheres da floresta foi importante conhecer outros territórios que através das lutas vivem tentando transformar suas realidades para o bem estar de todas”, afirma Cilícia, uma das representantes da RDS Uacari no evento.

O movimento social tem ganhado muita força dentro dos territórios, e a mão feminina dentro dessas causas tem gerado uma esperança de que trabalhando juntos, podemos somar muito mais, e teremos mais chance de fazer dos territórios lugares de protagonismo e sustentabilidade, trabalhando de forma para que, quem vive lá, possa se sentir seguro o suficiente para reescrever suas histórias sempre que sentir a necessidade de fazê-la. 

O Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) também esteve presente no seminário, com o intuito de criar o “Manifesto das Mulheres da Floresta” através das demandas de cada representante de seus territórios, abordando temas como mudanças climáticas, segurança, educação, saúde, desenvolvimento econômico, empoderamento e infraestrutura comunitária.

Maria Cunha, representante do Médio Juruá, durante o Seminário Mulheres da Floresta

Ao final do evento essa iniciativa gerou a chamada CARTA DA REDE DE MULHERES PROTETORAS E DEFENSORAS DAS ÁGUAS E DAS FLORESTAS DO NORTE E NORDESTE, com o objetivo de levar as demandas das mulheres da floresta às autoridades, para que possam dar visibilidade às realidades dentro de seus territórios, e que mediante a isto, possa vir a existir soluções para minimizar esses impactos negativos na vida das mulheres e de quem vive lá.  

A carta foi entregue a autoridades que estavam presentes representando a Embaixada da França e o Governo do Estado do Amazonas. A missão é que essa carta consiga chegar ao máximo de autoridades possíveis para que as reivindicações dessas mulheres protetoras e defensoras das águas e florestas possam ser reconhecidas e ouvidas.

Leitura da Carta da Rede de Mulheres Protetoras e Defensoras das Águas e das Florestas do Norte e Nordeste

Pessoalmente, como representante do Médio Juruá no evento, quero destacar a importância de ter participado desse momento, não só como ativista do meu território, mas como mulher, mãe, ribeirinha, a importância de me reconhecer pessoa capaz, e entender que não estamos sozinhas e que a luta é de todos. Por direitos, reconhecimento, respeito, e igualdade social. Esse seminário, mediante todos os depoimentos que ouvi de várias mulheres de territórios diferentes, me fez entender que o empoderamento feminino é transformador. E sinto que nossa missão é cada vez mais motivar mulheres das florestas e de outras instâncias a se autoconhecer capazes de serem a protagonista principal de suas histórias e das histórias de conquistas de seus territórios.

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