COMUNICAÇÃO

Conservação de base comunitária e história do Médio Juruá são temas de curso para professores das escolas rurais de Carauari

O curso foi oferecido para estimular a inserção dos temas nas escolas das comunidades e engajar as novas gerações na continuidade da luta por direitos e qualidade de vida.

Por Clara Machado

O curso “A escola como formadora de pequenos conservacionistas”, oferecido pelo Instituto Juruá, levou lideranças e representantes de associações do Médio Juruá para dialogar com professores rurais atuantes e em formação da região entre os dias 26 e 28 de fevereiro, na sede do município de Carauari (AM). O curso foi elaborado a partir de uma demanda do Fórum Território Médio Juruá (Fórum TMJ) que apontou a necessidade das futuras gerações darem continuidade à  luta promovida pelos movimentos socioambientais no Médio Juruá. Esses movimentos têm subsidiado a construção de modelos de conservação de base comunitária de sucesso, tanto para a garantia da melhoria da qualidade de vida das populações locais, quanto para a conservação ambiental na Amazônia. No entanto, esses ainda são assuntos muito pouco trabalhados no chão das escolas das comunidades tradicionais.

O objetivo do curso foi oferecer um espaço formativo para compartilhar, de forma sistematizada, parte do conhecimento sobre conservação de base comunitária. Conhecimento esse acumulado ao longo de anos de luta e organização pelo movimento socioambiental no território do Médio Juruá. O curso também teve os objetivos de introduzir a elaboração de projetos escolares e munir professores comunitários de materiais didáticos que os auxiliem em sua formação continuada e em sua prática docente. 

Participaram do curso 65 professores rurais do município de Carauari, além de 34 estudantes da turma de Pedagogia do Campo da Universidade Estadual do Amazonas (UEA). O curso foi uma realização do Instituto Juruá, em parceria com a Secretaria de Educação do Município de Carauari e a UEA, com apoio da Pulitzer Center e do International Conservation Fund of Canada.

Alguns participantes do curso “A escola como formadora de pequenos conservacionistas” em Carauari (AM). Foto: Phamela Barbosa.

No primeiro dia de curso, foram apresentados alguns materiais didáticos para serem usados em sala de aula, como a animação  Turma do Juruá e o podcast Vozes do Juruá, assim como materiais para a formação continuada dos professores, como a reedição do livro Reserva Extrativista: mais vida neste chão, que conta a história de luta no território, e o livro Pedagogia do campo: as vozes do Médio Juruá – elaborado por estudantes do curso de Pedagogia do Campo da UEA – que relata as histórias de algumas comunidades da região.

A história da luta social do Médio Juruá e a conservação de base comunitária foram os temas principais do segundo dia do curso. Além disso,  as mesas foram formadas por protagonistas desse movimento, ou seja,  lideranças e representantes de associações relataram sobre a importância de seus trabalhos aos professores e deram dicas de como trabalhar esses assuntos em sala de aula.

Ainda no segundo dia, houve mesas com a temática “Educação”, que ofereceram um panorama da educação no município de Carauari a partir dos temas da educação indígena, educação do campo e educação especial. Além de uma mesa sobre como engajar as futuras gerações nos movimentos sociais. 

Ao fim do curso, houve uma capacitação na elaboração de projetos, e foram formados grupos de professores e estudantes de Pedagogia do Campo para criarem projetos escolares em educação, trazendo à tona os temas abordados durante o curso. Ainda haverá um encontro online com a equipe do Instituto Juruá para apoiar a escrita dos projetos e um encontro online final para a apresentação dos projetos desenvolvidos pelos grupos.

Todos os temas foram abordados por especialistas e representantes locais convidados. Dentre os convidados que tornaram esta formação possível, estão: Manoel Cunha, importante liderança local e atual gestor da Reserva Extrativista do Médio Juruá (RESEX Médio Juruá); Gilmar Leite, da Secretaria Municipal de Educação; José Alves (Silas), da Associação dos Moradores Agroextrativistas do Baixo Médio Juruá (AMAB); Roberto Cury da Associação dos Moradores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Uacari (AMARU); Seu Bomba, antigo monitor de quelônios do Juruá; Francisco Pinto (Chico Velho), da Cooperativa Mista de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária do Médio Juruá (CODAEMJ); Ahe Joabs Kanamari, coordenador da educação indígena de Carauari; Jucileide Alves, coordenadora da educação especial de Carauari; Rosângela Cunha, da Associação de Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (ASMAMJ); Maria Cunha e Marcos Cunha, do coletivo Jovens Lutando pela Caminhada (JLPC); Maria José, estudante pesquisadora da UEA; e Raimundo Nonato, presidente da Associação dos Moradores Extrativistas da Comunidade São Raimundo (AMECSARA).

Está gostando do conteúdo? Compartilhe.

Share on facebook
Share on telegram
Share on twitter
Share on whatsapp