Por Ozangela Cunha de Lima
Uma mulher como referência da minha comunidade é minha avó Noemia da Silva Rodrigues. Uma mulher guerreira, agricultora que deu duro na vida para sustentar seus catorze filhos. Era uma esposa, mãe e uma grande líder, Noemia era a matriarca da nossa comunidade. Minha avó Noemia era um exemplo para os moradores por ser uma mulher de princípios, de fé, que estava sempre preocupada com o próximo, todos os dias de sua vida procurou, da melhor maneira, nos ensinar o que era certo e errado, se preocupava com a comunidade e com todos os moradores que ali residem, procurava sempre ajudar quem precisava.
Noemia da Silva Rodrigues morreu dia 29 de novembro de 2020, mesmo doente esteve sempre preocupada com o próximo, falava o tempo todo em seu esposo, foram um casal que viveu mais de uma década juntos e em nenhum momento faltaram com respeito um com o outro. A comunidade a tinha como matriarca, pois qualquer evento que viesse a acontecer na comunidade era consultado a ela e a seu esposo, por serem uns senhores sábios.
Noêmia, essa mulher guerreira, trabalhadora, mulher de fé e muito religiosa, me inspira a nunca desistir de lutar pelos meus objetivos, e me faz ser um ser humano de fé, sempre buscando olhar o próximo como um olhar igualitário onde todos dentro da sociedade tem o seu papel para se desenvolver. E sempre buscar a Deus, pois só ele é capaz de curar e salvar o mundo. Fecho essa homenagem a minha avó com um trecho do cântico que ela mais gostava de cantar na Igreja Católica.
“Assunto de paz é meu forte, eu cruzo montanhas, mas vou aprender,
o mundo não me satisfaz, o que eu quero é a paz, o que eu quero é viver”
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Ozangela Cunha de Lima, mais conhecida como Cacá, é moradora da Comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista do Médio Juruá, tem 26 anos e é mediadora de leitura da Associação Vagalume.
