A capacitação para 31 comunitários aconteceu entre os dias 21 a 25 de junho na comunidade São Raimundo, na RESEX Médio Juruá, no município de Carauari
Por Karina Pinheiro e Nathália Messina
O Instituto Juruá realizou a segunda edição do curso de marchetaria no mês de junho, como parte de um intercâmbio que culminará no espaço de trabalho da Nov’Arte, localizado na sede da FAM – Fundação Almerinda Malaquias, município de Novo Airão (AM). O curso contou com a participação de duas integrantes do Instituto Juruá, a Comunicadora e educadora local, Maria Cunha e a Analista socioambiental, Nathalia Messina. O evento contou com a parceria da Associação de Produtores Nov’Arte, Associação do Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), Associação de Moradores da Comunidade São Raimundo (AMECSARA); Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA/DEMUC-AM); Operação Amazônia Nativa (OPAN), além da colaboração estratégica do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM-AM).
Assim, foi oportunizada a primeira edição do curso, que já havia ocorrido em novembro de 2022, na base Campina, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, no Território Médio Juruá. A partir dessa experiência, foi possível identificar alguns interessados que não puderam participar desse momento, convocando-os para a segunda edição, bem como foi levantada a necessidade de dar continuidade a algumas técnicas pouco exploradas anteriormente.
Desta vez, o curso aconteceu na comunidade São Raimundo, na Reserva Extrativista Médio Juruá, localizada no município de Carauari, no estado do Amazonas, entre os dias 21 a 25 de junho.
A segunda edição do curso de artesanato em madeira contou com novos aprendizados práticos sobre a marchetaria, uma técnica artística para confecção de objetos por meio de cortes em ângulo, encaixe, colagem e refinamento. Uma das principais técnicas transmitidas nesta edição foi a de torneamento, que consiste na produção de perfis arredondados e cilíndricos a partir de uma máquina estacionária que faz a peça girar.Além das aulas práticas, os artesãos, artesãs e aprendizes da madeira também contaram com conhecimentos teóricos, especialmente a partir das aulas de introdução à marchetaria (mestres Edvaldo e Tiago) e de precificação dos produtos (Nathália Messina), da palestra do IDAM (David Frankling) e da roda de debate sobre a cadeia produtiva da madeira.
Os cinco dias de curso contaram com a participação de 31 alunos de diferentes comunidades. “Foi uma experiência incrível, eu participei ativamente do curso como colaboradora. Tenho a perspectiva muito grande de ver isso se tornando uma cadeia produtiva aqui na comunidade, já que possuímos duas oficinas de produção de beneficiamento de madeira equipadas para trabalhar com isso, ensinando e capacitando as pessoas no reaproveitamento de madeira como fonte de renda”, afirma Maria Cunha.
O intercâmbio sobre ‘Artesanatos em Madeira’ surgiu do interesse das comunidades ribeirinhas do Médio Juruá em buscar fomentar a sócio-bioeconomia e os Planos de Manejo Florestal Sustentável em Pequena Escala (PMFSPE), focando nos recursos naturais madeireiros e a qualificação dos profissionais ligados a essa arte, com o propósito de aumentar a renda familiar e comunitária.
Segundo o aluno Henrique Cunha, “O curso foi uma inspiração desde a primeira edição e traz para a gente, algo guardado: o nosso potencial. Ele faz a gente enxergar o tamanho do potencial que as comunidades têm dentro do território! Descobrimos muitos talentos; os professores nos motivaram bastante. É uma experiência muito boa de estar
dentro do processo da marchetaria, da oportunidade de trabalho dentro da comunidade e de buscar experiência, como também ajudar os parceiros”, explicou.
Como resultado, os 31 participantes, além da capacitação, confeccionaram 31 fruteiras marchetadas e torneadas, além de pratos, caixas, suporte de celular, brincos, amuletos, entre outras peças. Também levamos em conta que os alunos saíram do curso mais unidos e engajados em torno de uma ideia comum, mais sensibilizados sobre o manejo sustentável da madeira, bem como conscientes sobre o seu papel na cadeia, a partir da valoração dos produtos da floresta.